sexta-feira, 27 de julho de 2012

ESPELEOLOGIA

Cavernas: Qual Iluminação usar?

Foto: Arq. pessoal

Iluminação por carbureto é uma prática antiga

Cavernas: Qual Iluminação usar?

Foto: Divulgação

Lanternas de cabeça são movidas a pilha ou bateria

Cavernas: Qual Iluminação usar?

Foto: Arq. pessoal

Boa iluminação é um ítem básico de segurança

Cavernas: Qual Iluminação usar?

Foto: Divulgação

Lanternas de mão podem ser usadas nas cavernas

Cavernas: Qual Iluminação usar?

Foto: Divulgação

A carbureteira pode auxiliar também em resgates

Compartilhe

Cavernas: Qual Iluminação usar?

Terça, 18 Outubro 2011 00:00
Eduardo Bernardino | Do Caravana

Artigo revela os dois tipos de iluminação mais usados para a prática da espeleologia. Confira os prós e os contras de cada uma delas!

Para explorar uma caverna é indispensável o uso de iluminação. As opções mais viáveis são as lanternas elétricas ou carbureteiras. Já a luz química e as lanternas com dínamo podem ser levadas, mas apenas para uma eventual emergência.

Entre os espeleólogos ainda há bastante divergência sobre a melhor iluminação. Alguns defendem que as lanternas elétricas são melhores, porém outros acreditam que a velha carbureteira é a mais indicada.

As lanternas funcionam com pilhas comuns ou baterias recarregáveis e podem ser à prova d’água. No caso da carbureteira, o funcionamento é à base de água e carbureto - pedra sintética que ao entrar em contato com a água (em um pequeno reator preso à cintura do espeleólogo) produz o gás acetileno, que passa por uma mangueira e chega a uma peça, chamada de aceto, na frente do capacete. Este gás é queimado e a luz da chama é difundida pelo refletor.

Prós e contras

Para qualquer tipo de iluminação há argumentos contra e a favor, vamos tratar inicialmente da carbureteira:

A carbureteira é utilizada há muito tempo. A potência da iluminação é boa, além de apresentar um grande ângulo de abertura, o que ajuda a perceber melhor o ambiente. Por ser um equipamento mais rústico também é muito confiável, pode-se resolver com facilidade qualquer problema que venha a apresentar durante uma “cavernada”.

Outro ponto a favor é o fato do reator aquecer durante a reação do carbureto com a água, assim a fonte de calor pode salvar uma pessoa da hiportermia (ao ser colocada dentro da roupa da vítima).

Porém, há também os pontos contra: As pedras de carbureto precisam de um cuidado especial, ou seja, devem ser levadas em sacos estanques ou potes muito bem vedados para não haver risco de entrarem em contato com água e iniciar a reação química, além de pesarem bem mais do que pilhas. Em cavidades sem água ainda é necessário levar o líquido para abastecer o equipamento.

Algumas pessoas também não gostam do cheiro do gás produzido (apesar de outros admirarem o cheirinho estranho, que é o caso deste que vos escreve) e reclamam da fuligem produzida pela chama, que pode sujar paredes e tetos em momentos de descuidos ou passagens muito apertadas.

Há também o problema do descarte do carbureto. Ao final da carga sobra apenas o pó úmido da pedra que precisa ser guardado para ser jogada de forma adequada. Já a carbureteira não funciona debaixo da água e o reator apresenta um pequeno risco de explosão (raro, mas pode acontecer).

A iluminação elétrica pode ser apresentada como lanternas de mão ou lanternas de cabeça. Independendo disso, há também diferentes tipos de luz e modos de geração de energia.

As mais usadas hoje em dia são aquelas com luz gerada por diodo emissor de luz, popularmente conhecido pela sigla em inglês LED. Esse tipo de iluminação consome pouca energia e não apaga de repente (quando as pilhas ou baterias enfraquecem, ele vai diminuindo seu brilho, apresentando assim uma boa sobrevida). Graças ao baixíssimo consumo energético e alta durabilidade, algumas lanternas são equipadas com vários LEDs, para aumentar a quantidade de luz emitida. Assim, usam-se muito pouco os equipamentos com lâmpadas halógenas que, apesar de apresentarem alta potência, consomem muita energia.

Outro ponto a favor da iluminação elétrica é a não geração de fuligem, e produção de menos material de descarte (já que podem ser utilizadas pilhas ou baterias recarregáveis). Além disso, existem modelos à prova d’água, que permitem manter a iluminação em passagens alagadas, e as pilhas e baterias extras ocupam pouco espaço e pesam quase nada.

Mas claro que também existem os fatores contrários ao uso dessas lanternas. A luz é bem mais focada, ou seja, tem pequeno ângulo de abertura, dificultando a percepção do ambiente durante a progressão aos salões afóticos (sem luz); as pilhas, principalmente se não forem descartadas corretamente, são um grande problema ambiental.

Esse tipo de equipamento, em caso de pane, dificilmente poderá ser consertado sem auxílio técnico especializado. Além disso, lanternas elétricas não podem ser usadas para auxiliar no socorro a vítimas de hipotermia.

Com tanto a considerar, a escolha pode não ser fácil. Em alguns lugares o uso da carbureteira foi proibido, o que também gerou discussão. Eu, particularmente, acredito que se você é um espeleoturista, e está indo para visitar uma cavidade turística, na presença de um guia local e por caminhos conhecidos não há motivo nenhum para usar uma carbureteira. No entanto acredito que seja importante o guia possuir e saber usar a iluminação por carbureto para situações de emergência.

Já os espeleólogos e bioespeleólogos, profissionais que estudam, mapeiam e ajudam a proteger o mundo subterrâneo, deveriam ter os dois tipos de iluminação (que podem ser acoplados ao mesmo capacete) e também ter autorização para utilizar a carbureteira em qualquer caso, pois esta é muito útil nas expedições feitas por estes estudiosos.